...acompanhou o estranho bailado do vestido no ar, que por ser branco permitia que a pouca luz fosse suficiente para destacá-lo: primeiro subiu aberto como uma pipa, depois um dos braços se dobrou e ele começou a cair para o outro lado, como um avião que tivesse perdido uma das asas. Ao se aproximar do chão, talvez pelo movimento ascendente do ar próximo ao solo, parou no espaço por alguns instantes, como uma gaivota planando antes de mergulhar no mar para capturar um peixe. Lentamente o vestido branco pousou sobre a pedra, repetindo o gesto do lençol atirado aberto sobre a cama por uma habilidosa arrumadeira e cobriu os restos mortais do sapo. A velha pensou: “O imponderável é o mais eficiente planejador que existe.”