Estive em Buenos Aires em 23/04/2017, para o batismo e aniversário de um ano de minha netinha, Luna Sofia, nascida na Capital Federal. Chegando de São Paulo (Brasil), peguei um táxi no Aeroporto Internacional de Ezeiza e dirigi-me ao hotel. No tras­lado, ao adentrarmos a Avenida 9 de Julho, onde se localizava o meu hotel, deparei-me com uma enorme escultura de Eva Perón. Ao fixar os olhos na escultura, indaguei ao taxista se ele conhecia a causa da morte de Eva Perón, e ele me respondeu: “de câncer no útero”.

Já no hotel, dirigi-me ao bar para tomar um suco e, nessa ocasião, fui servido por uma amável e simpática jovem bonaeren­se. Aproveitei o ensejo e questionei-a também sobre a causa da morte de Eva Perón. Ela me respondeu de imediato: “eu sou pero­nista roxa e a Eva Perón faleceu de câncer no útero”.

Fiquei conjeturando: o taxista havia me dito que Eva Perón faleceu em decorrência de um câncer no útero e a jovem que me serviu no hotel também me disse que Eva Perón havia falecido de câncer no útero. Essas respostas aguçaram a minha mente de gi­necologista e de um bom virginiano (nasci sob o signo de Virgem). Bom, afinal, o útero tem duas partes anatômicas, corpo e colo do útero, então em que parte do útero Eva teve o câncer, no corpo ou no colo do útero? O corpo do útero é a parte onde o bebê se desenvolve, e o colo do útero é a parte do útero visível através da vagina durante um exame ginecológico através de um espéculo vaginal (instrumento com duas valvas articuladas que se utiliza para separar as paredes vaginais e realizar a inspeção da vagina e do colo do útero), conhecido popularmente por “bico de pato”.

Deduzi de imediato que fora um câncer no colo do útero, pois o câncer do corpo do útero é próprio de mulheres idosas e Eva Perón era muito jovem.

O câncer de Eva Perón foi dentro do colo do útero (adeno­carcinoma) ou fora do colo do útero (epidermóide)? Foi um câncer endofítico ou exofítico?

Procurei então, na imensa literatura sobre Eva Perón, uma forma didática e pormenorizada da causa, do diagnóstico e do tra­tamento de sua doença, que culminou com o seu óbito, e não en­contrei. Essas dúvidas deram ensejo para eu enveredar pela vida de Eva Perón e escrever a História do Câncer que a vitimou, de uma maneira detalhada, meticulosamente explícita sob o aspecto médico, e enxertada por inéditas fotografias, para tornar a leitura atraente, compreensível e amena.

Almejo, doravante, que a leitura de “A História do Câncer que Vitimou Eva Perón” possa contribuir para a História da Medicina na Argentina e avivar e enriquecer os conhecimentos daqueles que se dedicam ao estudo da mais eminente mulher argentina de to­dos os tempos, Eva Perón, a “abanderada de los humildes”.