Na praia encantou-se primeiro com a areia. Correu para todos os lados adorando aquele chão macio que afunda, mas não atola e ainda espirra para os lados. Depois chegou perto de mim e começou a fazer um túnel no estilo clássico dos caninos, primeiro com as patas traseiras sujando-me toda de areia, como se não soubesse que eu estava sentada três palmos atrás. Depois coma as mãos cavou um buraco tão grande que expôs ao sol uma raiz do coqueiro. Tive receio de alguém distraído cair dentro. Depois me lembrei que a praia é quase sempre deserta, muito azar um turista meter o pé logo aqui. Deixei ficar. Por último descobriu o mar. Quando viu as ondinhas brancas que arrebentavam na areia não entendeu o que era e rumou latindo. Surpresa! Elas são boazinhas, não mordem! Fez camaradagem, brincou de pique, ficou todo molhado, esqueci-me dele e ele de mim. Tirei um cochilo. Em determinado momento virei -me para procurá-lo e foi a conta de presenciar a cena. Coincidentemente ele lembrou-se de procurar-me, virou de costas para o mar e aconteceu. Veio uma daquelas ondas maiores, que anunciam a mudança da maré, pegou-o de banda, rolou com ele uns quatro metros, jogou-o na praia tão aturdido que perdeu o rumo e cambaleou na hora de andar. Dei a maior risada. Meu companheiro nascido em Copacabana gritou: - Ah, mineiro! Ele ficou tão injuriado que só voltou a abanar o rabo quando chegamos em casa.