Minha ideia inicial era de escrever um livro sobre as dificuldades de pais enfrentarem a adolescência dos filhos. Seria voltado ao público envolvido com a formação de adolescentes. Comecei escrevendo os aspectos teóricos ilustrados com exemplos. Percebi, no entanto, que os exemplos eram mais fortes que a teoria. Criei então, uma história, que funcionou como um grande painel sobre as vicissitudes das relações entre adultos e adolescentes.

A história gira em torno de três núcleos familiares com filhos adolescentes, ligados pela relação de amizade entre as mulheres. É um recorte dessas vidas no período de um ano, em 2017. Cristina, Cintia e Denise moraram desde a infância em um bairro que, nos anos 70, era pouco urbanizado. Havia mais tempo, espaço e liberdade.

Eram diferentes em quase tudo, mas iguais no amor fraterno. Depois de casadas estabeleceram uma rotina de encontros mensais. Entenderam que se não houvesse compromisso, a amizade estaria em risco. Será que a estratégia funcionou?

Embarque na história dessas mulheres imprevisíveis recheada de traições, segredos e vinganças.

"Era um sábado de fevereiro, uma semana antes do Carnaval de 2017. O encontro começou no fim da tarde.

Às oito e meia da noite, os adultos já estavam a meio caminho da embriaguez. Veio muito mais gente do que o costume. A visão das mães dos amigos ensaiando a coreografia do É O Tchan, foi constrangedora para Léo e Kike. Estavam soltas demais, para o gosto deles. Léo achava que mães deveriam ser proibidas de dançar.

As famílias de Cristina e Denise irritadas, esperaram até às onze e quarenta e cinco. Quando desceram para irem à praia eles chegavam. Só não brigaram porque estavam todos bêbados. No caminho foram cantando, falando alto e encontrando amigos para os quais desejavam sorte. Uma bagunça autorizada pelo último dia do ano."