Às vésperas de uma viagem de retorno à cidade natal, passados mais de 30 anos após a última visita, uma reflexão de tudo que foi vivido desde lá até aqui. Lembranças de uma infância miserável, que sobrevivida e revisitada agora, se mostrou como um filme, onde drama e momentos difíceis foram transformados em comédia. Afinal, quem não ri de um tombo dos outros?

Nesta minha viagem ao passado, eu coloquei sobre uma peneira tudo que vi ou vivi ao longo da minha existência e extraí apenas momentos inusitados meus, de amigos, e de parentes. De uma forma sutil, revirando nas memórias encontrei, dentre tantas: meu primo que fazia consertos eletrônicos soldando peças de rádios com cera de velas; meu tio que tinha um lençol que descobria a verdade; percebi que a plenitude da passagem da fase de adolescente para homem só ocorre quando ele visita um “inferninho”. Um cemitério não é tão assustador como imaginamos, já até fizemos um campo de futebol dentro de um. Perder uma mala cheia de dinheiro confiada a você é um problema sério, mas difícil é acreditar que você tem um irmão que fez como profissão levantar todo dia cedinho e sair nas ruas procurando dinheiro que alguém tivesse perdido. Trabalhar no escritório de uma megaempresa dentro de uma região metropolitana e ver uma galinha sendo perseguida por uma raposa entrar correndo ali, inacreditável; mas não impossível.

Memórias, memórias, memórias...