Ninguém poderia prever o encontro entre Ramir e Cristal.

Cristal, única sucessora do Reino das Acácias, nasceu com necessidades especiais. À medida que foi crescendo, os soberanos perceberam que a princesa não falava e não ria. Cresceu com o carinho da rainha-mãe que, de todas as formas, tentava diminuir o preconceito e incluí-la em todas as atividades para prepará-la, pois a rainha tinha certeza de que a filha, no futuro, governaria com sabedoria o Reino das Acácias. Cristal transformou-se numa linda mulher, inteligente, mas considerada incapaz, ao ponto de o rei lançar um desafio para todos os jovens dos reinos mais distantes: aquele que a fizesse falar ou rir casaria com a princesa e seria o herdeiro da sucessão.

Ramir nasceu numa aldeia extremamente distante do reino em que vivia Cristal. Criado com a avó e o pai, sempre teve dificuldades em se relacionar com pessoas da sua faixa etária, pois tinha um comportamento “diferente” dos padrões ditos normais. Transformou-se num jovem íntegro, trabalhador e honesto. Porém, vivia em devaneio, acreditava em tudo e em todos, considerado por muitos um imbecil.

A notícia do desafio vinda do Reino das Acácias espalhou-se como rastro de pólvora, pelos mais longínquos cantos do mundo, e chegou aos ouvidos de Ramir, que imediatamente já se projetou como o príncipe consorte e o futuro rei do Reino das Acácias. Não porque tivesse ganância pelo poder, mas porque era ingênuo e acreditava que nada era impossível para seus sonhos ilimitados. Com toda a sua imaginação aflorada, nem de longe poderia sonhar as peripécias que enfrentaria e, muito menos,

a fúria do rei ao descobrir quem era o pretendente ao trono e ao amor de Cristal.

A história dos dois personagens é contada com muita leveza, bom humor, simplicidade e de uma forma que pode mostrar o quão importante é o ser humano, independente de seu modo de ser ou pensar. Além disso, é necessário entender, desde a mais tenra idade, que as aparências e diferenças não podem fazer parte dos julgamentos de valores e capacidades, tendo em vista que elas não caracterizam as especificidades de uma pessoa, e que é na alma que se esconde toda a beleza humana.